Pirilampos e serpentes... Pessoas que brilham e pessoas que não brilham.
Um drama
é “uma situação ou um acontecimento de grande intensidade emocional”, e está
normalmente associado ao teatro, à ópera, ao mundo do espetáculo – um universo
onde os sentimentos se querem rentes à pele, e as emoções estão muito mais
próximas da boca e do olhar, das fronteiras do corpo com o mundo.
Maria Callas |
E o
drama transforma-se num problema, praticamente insolúvel, quando é necessário
conviver com pessoas dramáticas no dia a dia – nas horas banais, nas situações
normais, nos lugares comuns. Pessoas dramáticas com vidas anônimas, que querem
brilhar em todas as ocasiões, em todos os momentos.
Pessoas dramáticas precisam de plateias e não suportam que mais ninguém brilhe. Lembram a história da serpente que perseguia o pirilampo. Por muito que ele fugisse, a serpente não desistia, e no final do terceiro dia, o pirilampo, já exausto, perguntou:
Pessoas dramáticas precisam de plateias e não suportam que mais ninguém brilhe. Lembram a história da serpente que perseguia o pirilampo. Por muito que ele fugisse, a serpente não desistia, e no final do terceiro dia, o pirilampo, já exausto, perguntou:
–
Pertenço à sua cadeia alimentar?
– Não. –
respondeu a serpente, lacônica.
–
Fiz-lhe algum mal? – quis saber o pirilampo,
desconcertado.
– Não. –
tornou a responder a serpente.
– Então
por que é que você quer destruir-me?
– Porque
não suporto ver você brilhar.
Há
pessoas assim: acham que são o centro do mundo, e não perdoam o brilho dos
outros. Onde quer que estejam, causam drama: sofrem, controlam, estrebucham,
impõem-se, lamentam-se, chantageiam. Falam mais alto. Querem ter sempre razão.
São as coisas do ego!
Nelas
tudo é visceral. Não existe meio termo – não há equilíbrio. Há os dias
sim e os dias não. Elas possuem uma espécie de bipolaridade
incurável, que se arrasta do café da manhã ao suspiro que antecede o sono.
Nada
disso significa que essas pessoas sintam um amor maior ou uma dor mais funda.
Significa apenas que o excesso transborda de dentro delas e invade o mundo dos
outros, de forma bruta, porque elas não têm consciência das fronteiras dos
outros.
É
difícil sobreviver-lhes – não há paciência ou afeto que resistam.
Porém, o
que é verdadeiramente triste é que, na maioria das situações, elas não brilham,
porque o cotidiano não comporta esses excessos.
Daisaku Ikeda |
Nelson Mandela |
Estas
pessoas que brilham são equivalentes aos pirilampos do mundo dos homens.
Pirilampos vertiginosos, com seus voos brilhantes, e seus imensos rastros de
luz.
Há
pessoas que resgatam o que temos de melhor, e há pessoas que exacerbam o que
temos de pior. Sem razão aparente, sem grandes explicações. É simplesmente
assim: há pirilampos e há serpentes. Há pessoas que brilham e há pessoas que não
brilham. E isso não tem nada a ver com o ruído que fazem. E os melhores de todos
são os pirilampos – os que se acendem por dentro e iluminam tudo, sem esforço e
sem ruído.
Texto retirado de: http://osextosaber.blogspot.com.br/2012/11/pirilampos-e-serpentes-pessoas-que.html#!/2012/11/pirilampos-e-serpentes-pessoas-que.html
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